A noite ultrapassava a primeira metade e logo viriam os
ruídos da rua, o vai e vem das calçadas, a cidade retomada em suas cores
habituais. Encolhida nas cobertas esperava pelo sono. Nada! Deteve-se então aos
ponteiros do despertador na mesinha de cabeceira: tudo se modificava ao
passo das horas menos aquela circularidade que os mantinha prisioneiros desde a
invenção dos relógios. Pensou nas próprias redomas. Viu-se andando,
andando e voltando ao mesmo ponto. Acariciava saudades, remoía memórias... Mas
não tinha a perenidade dos ponteiros. Eles seguravam-se ao tempo... Ela?
Escorria pelo furo dos instantes.
M.Cendón
foto: Maurício Cendón Avila
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