terça-feira, 15 de julho de 2014

Agridoce

Desesperado, o destino quer contar uma história, mas o desamor estraga a festa, desmonta o cenário antes da hora. Apagam-se os rastros, os gestos, os afagos dos versos, os sinos, os cânticos. Vão-se os rostos, os nomes e os perfumes. Limitam-se quintais com arame farpado; fundam-se fossos em torno dos castelos e no jardim nascem flores de plástico. Da janela, o sapo acena em veste de príncipe e as fadas de palha esvoaçam no milharal para espantar os corvos. Um dia os olhos medem a distância e percebem que nunca estiveram lá...



(Texto escrito para a peça AGRIDOCE de Thiago Rieth)