Todo afastamento cabe na palavra
distância e toda distância cabe na palavra saudade e toda saudade cabe na
história da gente. Nem sempre consegui voltar aos meus escombros e reatar o fio
daquela meada de tecer destinos que o vento levou quando se impôs sobre meus
voos. E toda vez que meu pouso se deu em outras paragens, muito longe do ninho,
essas palavras estiveram comigo. Mas nem toda saudade cabe na palavra tristeza
e nem toda tristeza cabe na história da gente. Há sempre um resto de beleza
guardado na memória. Um cheiro, um gosto, uma música, um verso que me devolve e
me resgata. E o meu coração se aquieta
na luz do sol sobre o rio.
M.Cendón
foto: Constantine Manos (1962)