quinta-feira, 18 de junho de 2015

Pelas ruas


Estou só e não estou. Ando pela alameda que margeia o rio e a paisagem me retém.  Por alguns instantes, sou parte das pontes e das paredes dos velhos edifícios. Numa esquina, um homem magro de olhos profundos traz uma canção do passado – “La bohème, la bohème Ça voulait dire on est heureux” - Sigo cantando. A cidade é imensa e há muito a percorrer. O museu, a catedral, a torre. Encho os olhos nas elegantes vitrines da avenida mais famosa do mundo. O Arco marca o fim do caminho e tomo outra via. A rua vai se estreitando e das sacadas, pendem gerânios coloridos. É primavera e o vento anuncia a proximidade da noite. “Bonjour! Place de Clichy, s'il vous plaît”, digo gastando meu repertório enquanto ajeito o cinto de segurança. As luzes começam seu espetáculo, tudo se enche de brilho. Estou só e não estou... A bordo de um táxi, minha mão se aquece entre as mãos do meu amor. 


M.Cendón




(Publicado no jornal Leôncio do Centro de Letras de Paranaguá. PR)

Place de Clichy, Paris. 24 de maio de 2015  
foto: Marga Cendón (Brasil)

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