Na
minha rua tinha um beco. Os pombos da minha rua debatiam-se quando algum
estouro ecoava no beco. Abrigavam-se no telhado da igreja pedindo socorro. Os
velhos da minha rua traziam migalhas nos bolsos, davam de comer aos pombos e no
beco, a passos lentos, arrastavam sonhos subvertidos pelos anos. Os meninos da
minha rua andavam em bando, espantavam os pombos, irritavam os velhos; jogavam
Taco no beco. Quando voltei, os velhos tinham partido. E os meninos, crescido.
E um imenso prédio havia surgido no vão do beco. Daquele tempo, só os pombos
continuam no telhado da igreja. Atordoados pelo barulho das construções.
M.Cendón
foto da postagem: Marga Cendón (Brasil)
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